Bacalhau na Geladeira #1 – A Chegada na neve | Artigo

Este é o primeiro escrito de uma série de relatos da minha experiência na participação do programa Professores para o Futuro, na Finlândia, chamado “Bacalhau na Geladeira”. Vou procurar postá-los semanalmente, às segundas feiras. Mas pode ser que me adiante. Pode ser também que me atrase, enfim.

Helsinki, capital da Finlândia durante o inverno. Foto de The Masculine Traveler

Trataremos tanto dos aspectos formais, educacionais e profissionais do programa quanto dos informais, ou até mesmo os pessoais. Vou contar a vocês como vejo a educação e a cultura aqui, mas também contarei como saí da minha casa me sentindo um Hobbit que deixa a toca para uma aventura inesperada. De lá para cá já se passaram 6 dias, mas parece muito mais.

Embarquei rumo ao desconhecido  no dia 27 de janeiro, diretamente de um forno para um congelador. Uma das primeiras coisas que percebi é que tenho muito a aprender com o povo Finlandês, que é extremamente receptivo e acolhedor. Deparei-me com uma simpatia e gentileza que eu sinceramente não esperava, devido à fama de casmurros que recai sobre os cidadãos dos países nórdicos. É um contraste… Como diz o ditado:  “mãos frias e coração quente”.

Ao chegar fiquei três dias na capital da Finlândia, Helsink, no extremo sul. Adorei a cidade. É extremamente organizada, limpa, com várias casas, prédios antigos misturados às edificações modernas e Shoppings. Foi o primeiro contato que tive com a neve em minha vida, e também com um inverno extremo. Amanhece às 8h00 da manhã a anoitecer às 17h00.

“… saí da minha casa me sentindo um Hobbit que deixa a toca para uma aventura inesperada.”

Depois de minha rápida estadia na capital, fui para Hämeenlinna, uma cidade pequena, um pouco mais ao norte da Finlândia, onde fica a Universidade de Ciências Aplicadas de Hamk. Aqui está nevando bem mais, a cidade está toda coberta por neve. Ele me abrigará pelos próximos 5 meses.

É uma cidade cheia de casas pequenas, várias de madeira, coloridas, todas sem muros. Não vi muros por aqui. E essa é uma característica interessante. A própria Universidade está expalhada por meio de pequenos prédios pela cidade. Quase imperceptível. A Universidade não tem muros. Isso não é apenas uma metáfora.

Quando cheguei ao alojamento eu achei estranho, demorei a entender. Me perguntei: “É aqui mesmo a Universidade? Ela é aberta? Não tem guardas? Não tem uma portaria?”. Pois é, realmente não tem. Ela está completamente aberta, integrada à comunidade.

Paisagem de Hameenlinna no inverno de 2015. Foto de Damione Damito

Os vizinhos do meu alojamento são moradores da região. A educação aqui é de livre acesso, aberta a todos, inclusive extrangeiros. O ensino na Universidade em que estou é todo em Inglês para possibilitar O melhor acesso aos que são de fora. Ela é uma universidade de Ciências Aplicadas e possui um enfoque mais prático que as Universidades tradicionais. A ênfase não é tanto na teoria, mas sim na aplicação dela em benefício da comunidade em geral. Eles inclusive usam um termo interessante “customer oriented education”, ou seja, educação guiada pelo consumidor. Nesse caso, o “consumidor” é a própria comunidade.

Nesse modelo, a Universidade existe para formação de pessoas, e isso significa aqui uma formação global, e não estrita; uma formação não só para o trabalho, mas para ele e todas as outras etapas e questões relativas à vida. Eles chamam de “life-long learning”, e segundo eles é a chave do sucesso da educação Finlandesa. Isso envolve colocar os alunos para desenvolver trabalhos que atendam à comunidade. É um paradigma bem diferente do tradicional e que me agrada bastante. Estou fascinado!

Acho que esse programa promete! Realmente temos muito a aprender com a Finlândia, o país dos extremos.

Bom, aqui finalizo minha primeira postagem. Em breve, teremos mais. Desejo a todos uma visão da vida mais integrada e sem muros. Abraços!

Os textos da série “Bacalhau na geladeira” refletem a visão em primeira pessoa do Professor Rodrigo Calhau que esteve na Finlândia participando de um programa de especialização em práticas pedagógicas inovadoras na HAMK University of Applied Sciences em Hameenlina, cidade localizada a aproximadamente 100 km ao norte da capital Helsink e foram escritos entre Fevereiro e Julho de 2015. O nome da série “Bacalhau na Geladeira” corresponde a uma brincadeira com o sobrenome do autor e o clima frio do inverno finlandês.

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